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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Descendentes de bandeirantes que falavam tupi e tinham fé na Torá.

O nome é de origem holandesa, como outras ascendências de mesmo ramo como é o caso do nosso sangue Goulart (Rosa Maria Goulart que foi a mãe de Vicente da Silva Leme e de Bárbara Goulart, avó de Diogo Garcia marido de Júlia Maria da Caridade), mas não podemos nos esquecer que além de sermos “portugueses” nascidos no Brasil carregamos em nós a herança genética de outras tantas gerações.

No tempo do Brasil-Colônia a língua mais comum, pelo menos no que conhecemos hoje como sudeste, era o tupi. Esta era a língua das maiores tribos indígenas que habitavam desde o litoral até parte do interior paulista.E, por causa disso, mesmo com a chegada dos portugueses o falar indígena era o mais comum.
Mesmo porque, os colonos que aqui chegavam vinham sempre sozinhos. Não traziam as famílias, ou eram solteiros aventureiros que não tinham oportunidade na sede do reino, ou eram mesmo degredados como aprendemos na história. Só que esses degredos, na sua maioria, aconteciam por perseguição política e religiosa, como foi exemplo dos judeus perseguidos pela “santa e hipócrita inquisição".
Esses europeus cristãos e cristãos novos (judeus convertidos à força) acabavam por se unirem às mulheres índias, muitas das quais tiradas à força das aldeias, ou obtidas como prendas de guerra ou oferecidas pelos seus pais e caciques como um meio de selar um acordo de paz.

Quando Men de Sá chegou ao litoral de São Paulo já encontrou portugueses com “esposas” índias. E, isso foi favorável já que esses patrícios já falavam a língua dos nativos, o tupi.
A língua nativa perdurou por muito tempo em uso paralelo, quando o português paulatinamente foi implantado com a chegada de mais colonos lusitanos mais cultos e dos padres da catequização, obedecendo a vontade do reino de montar uma administração que controlasse a arrecadação de riquezas da colônia.

Esse uso do tupi por brancos,mamelucos e índios facilitou que mais se mesclasse as raças.
Assim, oficialmente ou “bastardamente” iniciou-se a geração do brasileiro.
Na Genealogia Paulistana, fonte principal de minhas pesquisas, ao lado das Três Ilhoas, há diversas uniões desse tipo, inclusive nas famílias citadas em nossa árvores genealógica.
No próprio processo de beatificação de Padre Anchieta, uma descendente dos Leme, apesar de pai da família originalmente belga, mal balbuciava algumas palavras em português e para que se obtivesse o seu depoimento foi preciso que se contratasse um intérprete.
Fernão Dias Paes Leme, por exemplo,, teve alguns filhos bastardos com índias, um dos quais, José Dias Paes. E, apesar de morrer de amores por ele, como diz a história, sentenciou-o à morte pelo enforcamento devido a sua traição na famosa e última bandeira de sua vida aqui nas Minas Gerais. O fato é narrado com detalhes no Livro “Aconteceu no Velho São Paulo” de Raimundo de Menezes (Ed.Saraiva 1954).
Um outro bandeirante que seguiu os passos de Fernão Dias, Salvador Pires de Medeiros era filho de uma mameluca conhecida como Mécia-Açu, que apesar de ter sido batizada como Mécia Fernandes era mais conhecida na vila pelo apelido tupi que significa Mécia grande. Ela era assim chamada, primeiro por ser descendente de índios e depois pelo seu tamanho, com certeza maior do que as demais mulheres da aldeia devido a sua ascendência européia por parte de pai. Desta índia e Salvador Pires de Medeiros descende o senador Eduardo Suplicy. E, há grande possibilidade de que alguns dos nossos antepassados também descendam de mulher. Pelo menos aqueles que descendam da família Barros.
Cacique Tibiriçá, hoje nome de logradouros em várias cidades paulistas, cujos restos mortais descansam na cripta da Catedral da Sé, São Paulo,é um bom exemplo do enorme entrosamento que existiu entre brancos e índios naquele tempo. Bartira, uma de suas filhas se tornara esposa do português João Ramalho e com ele se tornaram a base da “Quatro-centona” Família Ramalho. Dizem que esse chefe indígena recebera o nome de “Silva Leme” por evento de seu batismo, embora não tenha registros de que seus filhos tivessem herdado esse “apelido”.
Conforme citado por Zenha, ed 1970 pag. 249-251, alguns dos nossos prováveis antepassados não davam importância ao casamento, como temos os exemplos de Braz Esteves Leme, Jerônimo Bueno e Pedro Vaz de Barros (Guaçu) que nunca oficialmente se casaram mas deixaram vários filhos, alguns reconhecidos outros não, que tiveram com índias.(*)

O lado judeu desses bandeirantes também é defendido por muitos historiadores. Alguns dos quais citam que as destruições de comunidades comandadas por jesuítas se deveu ao fato de uma história anterior de “cristãos novos “desses homens”. Este foi o caso de Raposo Tavares, casado com uma mulher da família Leme, parente de Fernão Dias, cuja avó cristão nova teria sido morta nos tribunais perversos ministrados pela Igreja. E, como essa colônias eram ministradas por jesuítas, e estes tiveram papel importante nos processos da Inquisição Espanhola e portuguesa se tornaram alvos daqueles aventureiros.
Antônio Bicudo Carneiro, de quem descendemos por Maria Bicudo, avó de Guilherme da Cunha Gago, era tido como um “cristão novo”. João e Lourenço Leme, dois desbravadores que militaram no centro-oeste e sul apesar de não terem sido considerados cristãos novos também não tinham boas relações com a Igreja Católica. Esses dois últimos são lembrados na obra de Paulo Setúbal , “Os Irmãos Leme”, como facínoras que punham medo nos lugares que passavam. Antonio da Cunha Gago, membro de outra família que se misturou aos Leme, parente remoto de Manoel da Cunha Gago(pai de nosso Guilherme), conhecido como “o gambeta” também não tinha muitas simpatias com padres, principalmente jesuítas espanhóis, que ele colocou para correr no sul do país.Essa ação, que como a dos irmãos Leme, ajudou o Brasil ter essa grande extensão territorial de hoje.
O nome Mécia da Veiga Leme, nossa n-avó na grande árvore, também nos remete aos Veiga, uma outra família de bandeirantes que tiveram papel importante na conquista das terras do Sul de Minas. Esses tinham estreitas ligações, também de parentesco, com os Bicudos, Cunha Gagos, Lemes entre outros.Fato citado na Genealogia de Luiz Gonzaga.

Mesmo com todas essas informações,até agora não consegui descobrir quais os pais da nossa avó Mécia. E, já que esse nome que fora usado por diversas mulheres das famílias, inclusive uma filha mameluca de Braz Esteves Leme, Mécia Leme, há algumas gerações anteriores a da nossa avó, concluímos que ela deva mesmo descender dos Veiga e dos Leme.
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NOTA:
“Os colonos, alem do sangue base do Portugal continental, que já era uma mistura de álanos, povos do leste europeu, Iberos, tribos que habitavam o local e norte da África antes dos romanos, celtas, povo que deu origem a Irlanda, tribos germânicas como visigodos e suevos, e tribos judias da sua colônia Sefarad(**) existente na Península Ibérica e árabes, completaram a grande sopa de raças em terras tupiniquins, com o acréscimo de sangue índio e depois africano de diversas etnias formando o que hoje chamamos de Povo Brasileiro.

(*)O primeiro brasileiro consciente de si foi, talvez, o mameluco, esse brasilíndio mestiço na carne e no espírito, que não podendo identificar-se com os que foram seus ancestrais americanos – que ele desprezava –, nem com os europeus – que o desprezavam –, e sendo objeto de mofa dos reinóis e dos luso-nativos, via-se condenado à pretensão de ser o que não era nem existia: o brasileiro. (Darcy Ribeiro 1995:128)


(**)Sefarad era o nome dado pelos judeus do êxodo à sua colônia existente nos territórios de Espanha e Portugal

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Servidor Público, Bel em Direito, gosto de genealogia.